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Setor editorial teve queda real de 5,2% em 2016, aponta Pesquisa Produção e Vendas do Setor Editorial Brasileiro (Fipe)

Estudo revela que editoras acumularam um recuo superior a 17% em dois anos consecutivos afetados pela crise econômica no país

Apresentação da pesquisa aconteceu nesta quarta (17) na sede do Sindicato Nacional dos Editores de Livros, no Rio. Da esquerda para direita, o presidente do SNEL, Marcos da Veiga Pereira; a Profª Leda Paulani e a economista Mariana Bueno, da Fipe; e Fernanda Garcia, diretora da CBL.

Confira aqui o estudo na íntegra.

Em 2016, o setor editorial brasileiro produziu 427,2 milhões de exemplares, vendeu 385,1 milhões e faturou R$ 5,27 bilhões. É o que mostra a nova edição da Pesquisa Produção e Vendas do Setor Editorial Brasileiro, realizada pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), a pedido do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL) e da Câmara Brasileira do Livro (CBL).

Comparado a 2015, o faturamento total das editoras no ano passado apresentou crescimento nominal de 0,74%, o que significa um decréscimo real de 5,2%, levando em conta a variação do IPCA de 6,3% no período.

Apesar de menos acentuada que no ano anterior – quando alcançou a marca dos 12,6% negativos –, a queda em 2016 traz consequências expressivas para a indústria do livro que, em dois anos, acumulou uma redução de mais de 17% em termos reais.

Neste cenário, pesou o desempenho do segmento mercado, cujo faturamento de R$ 3,8 bilhões representou uma queda nominal de 3,3%. O número implica um recuo acentuado das vendas de livros específicas para o mercado nos dois últimos anos: considerando as performances consecutivas de 2015 e 2016, a queda real acumulada em valor é superior a 20%.

No caso das vendas para o governo, os números se mostram positivos tanto em termos de faturamento (R$ 1,4 bilhões, com aumento de 13,8%) quanto em número de exemplares vendidos, que cresceu 16,5% em 2016, indo para 156,8 milhões.

Voltando a analisar o faturamento com as vendas ao mercado, os subsetores de CTP (Científicos, Técnicos e Profissionais) e de Obras Gerais foram os que mais encolheram. Impactadas pela crise econômica nacional, as editoras de CTP tiveram uma queda nominal de 10,5% (e real de 15,85%) em valor, seguidas pelas editoras de Obras Gerais, que faturaram 4,8% a menos em termos nominais. O subsetor de Religiosos, que havia se mantido estável em 2015, também sofreu redução em valor (4,6%, nominal) no ano passado.

Na contramão dos índices negativos, aparece o subsetor de Didáticos, que, no mercado, ascendeu 3,7% (nominal) em faturamento, indo para R$1,4 bilhões.

Produção

O total de exemplares produzidos caiu 4,4% em 2016.

Quanto à tiragem de obras lançadas, houve redução de 8,57% em 2016 (80.026.152 novos exemplares produzidos). Os subsetores de Obras Gerais e de Científicos, Técnicos e Profissionais (CTP) foram os mais contidos na produção total de exemplares (novos ISBN + reimpressões) no ano passado, reduzindo suas tiragens em 9,6% e 7,6%, respectivamente, em comparação a 2015.

A pesquisa indica, ainda, que foram editados 51,8 mil títulos em 2016, dos quais 17,37 mil são novos.

Áreas temáticas

Entre as 24 áreas temáticas que o estudo abrange, estão em primeiro lugar as obras classificadas como Didáticas, com participação de 48,48% no total de exemplares produzidos em 2016. Na sequência, vêm os exemplares de Religião (20,79%), Literatura adulta (7,71%), Autoajuda (4,78%), Literatura Infantil (3,89%) e Literatura Juvenil (2,39%). Nesta lista, chama atenção o aumento da participação dos livros do gênero Biografia (1,2%), que tiveram um crescimento de 22,5% em exemplares produzidos em 2016 (5,14 milhões), e também a queda expressiva dos títulos de Medicina, Farmácia, Saúde Pública e Higiene, com redução de 4,3 milhões de exemplares produzidos em 2016 e uma participação de 0,93%.

Como o livro chega ao mercado

Com 119,4 milhões de exemplares vendidos (52,73% do total comercializado no mercado, excluindo-se governo), as livrarias se mantiveram como o principal canal de venda das editoras. Os distribuidores representaram a venda de 39 milhões de livros, o equivalente a 17,22%. O segmento porta a porta teve participação de 8,18%, com 18,5 milhões de livros. Já as livrarias exclusivamente virtuais apresentaram um crescimento em sua participação nas vendas em 2016, subindo de 1,97% para 2,43%, o que significa 5,5 milhões de exemplares vendidos.

A comercialização em igrejas e templos (4,88%), supermercados (3,44%) e escolas (2,5%) também tem relevância. A venda direta nos sites das editoras segue modesta, com participação de apenas 0,73% do total.

Produção digital

Pela primeira vez desde 2014, quando passaram a integrar a pesquisa, os dados referentes à produção de conteúdo digital das editoras não entraram na edição. Os números da produção de e-books no país ganham em 2017 um diagnóstico exclusivo – o Censo do Livro Digital, estudo inédito que realizará o mapeamento da produção digital brasileira.

Com apresentação prevista para agosto, o Censo do Livro Digital é mais uma parceria entre o Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL) e a Câmara Brasileira do Livro (CBL), com realização da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicos (Fipe/USP).

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